sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

POEMA ROMÃNTICO

Cada linha que traço
É como cada linha
De uma flor:
Expressa amor.

Cada palavra que escrevo
Tem em seu relevo
Um sentimento
Que traduz sofrimento...

E passo o tempo todo
Imaginando sua beleza
Expressão de  realeza.
Se vivo no sonho
De ter sua imagem,
Isso não passa de uma miragem,
De apenas uma vontade
Para o meu viver.

A MAIS BELA VOZ DO SERTÃO.

Ontem, comemoraram-se  100 anos de Luís Gonzaga. Como bom sertanejo e nordestino, eu não poderia deixar de escrever algo sobre essa personalidade tão importante para o Nordeste brasileiro.
Luís, Lula, Gonzagão... Esses são alguns dos atributos relevantes dessa personalidade da música e da poesia nordestina.
Gonzaga representa a voz, o grito do homem simples do sertão que luta pela sobrevivência a todo custo. As letras de suas músicas são tratados sobre a alma do nordestino. A sua voz brejeira, bem original, inconfundível, mesmo que tenha sido imitada por muitos, a ele ninguém jamais se igualou.
O tom clássico de seus acordes até hoje é lembrado : a melódica Asa Branca, inesquecível; O ABC do sertão tantas vezes cantado; Assum preto, Ave Maria sertaneja e muitas outras que são ouvidas, estudadas, comentadas, quer numa roda de amigos, quer numa tese acadêmica.
Foram dezenas de músicas gravadas que soavam por esse Brasil afora nas ondas das emissoras de rádio. O que mais me impressiona é ouvir um garoto tocar em seu instrumento um acorde de Luís em pleno século XXI. Isso ratifica a ideia de que as melodias desse sertanejo ainda estão presentes nas escolhas dos músicos, estudiosos e dos apreciadores da boa música.
Por isso é que sinto orgulho de ser sertanejo e tenho o prazer de ter assistido ao vivo Gonzagão tocando sua sanfona e cantando suas melodias. Acredito, também, que muitos brasileiros e nordestinos tiveram a mesma sensação que tive.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

MEU DESTINO

Eu
Poeta das terras secas e impuras
Que levo uma alma assim tão pura
E carrego um coração amargurado na mão...
Queimo a pele e o corpo nesse sol ardente,
Tenho um querer que parece tão quente
Como toda criatura do sertão...

Poeta,
Que figura representa?
Essa gente tão paradoxal?!...
Que caminha pelas estradas poeirentas,
Eles que travam uma luta tão sangrenta
Numa triste desigualdade social...

São homens, mulheres, crianças
Que vivem entre uma seca tremenda
Ou uma grande inundação...
Ser poeta desse povo representa
Um dever, uma obrigação.
Sou sertanejo, sou nordestino,
O meu viver, o meu destino
É o mesmo do povo dessa nação.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

OS OUTROS

Os outros são sobras do submundo
que são varridos,
carregados
pela multidão
que se arrasta.
São muitos
e escassos de riqueza,
de alma,
de sabedoria.
Os outros são muitos
que vivem na incógnita
da verdade
da história de mundo.

ÂNCORA DOS MEUS SONHOS

Ancorei os meus sonhos
no fundo do oceano...
Nas sombras do passado,
busco uma luz que parece vaga,
mas minha busca é incessante...

Mergulho nos desejos já perdidos
e encontro uma paz revigorante
que me carrega para o horizonte distante..

Fecho os olhos, mas a visão do mundo
é evidente,
persiste em minha mente,
como um filme antigo e emocionante.
Nisso, bebo do prazer
que preenche o meu viver
intensamente.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

IRACEMA

Um aluno que leu a postagem da adaptação de Iracema me pediu para que eu postasse os outros capítulos desse árduo trabalho. Não pude negar esse pedido. Eis, amigo aluno, mais um capítulo da adaptação. Espero que goste.

Além da serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos negros e longos , assim como um doce sorriso.
A morena virgem corria o sertão e as matas  onde habitava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara.
Um dia, ao Sol ardente, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-se à sombra da oiticica, enquanto escondidos na folhagem os pássaros cantavam. Ela saiu do banho e a graciosa ará, sua companheira e amiga, brincava junto dela. Às vezes subia os ramos da árvore e de lá chamava a virgem pelo nome; remexia o uru feito de palha  , onde a selvagem trazia os seus perfumes.
Rumor suspeito quebrou a doce harmonia da sesta. A  virgem ergueu os olhos, que o sol não deslumbrava; sua vista perturbou-se.
Diante dela e todo a contemplá-la estava um guerreiro estranho ou algum mau espírito da floresta. Tinha nas faces o branco das areias que bordavam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulharam na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão tentou pegar  a espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
Ele pôs nos olhos e no rosto um doce sentimento , já a virgem lançou de si o arco , e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava no rosto do rapaz. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
— Quebre comigo a flecha da paz? Disse ele. A jovem índia se admirou da atitude do guerreiro e logo quis saber de onde vinha e como aprendera a linguagem do seu povo. — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
Iracema deu-lhe boas-vindas e convidou-o para ir ate a cabana de seu pai, Araquém , o pajé da tribo.

AS VEREDAS DE MIM...

Levantei-me hoje com aquela sensação de que estamos chegando a mais um final de uma etapa, quando paramos à beira do caminho para analisarmos o que fizemos durante todo o ano. Pensando nisso, eu escrevi esse poema:
AS VEREDAS DE MIM...
As veredas do meu pensamento
cruzam galáxias, atravessam portais,
buscam outras dimensões.

Sou viajante do ininteligível,
pois meu sentir é abismal...

Imagino-me longe de mim
entre gnomos, fadas, ogros...

Sou produto da magia,
resultado da fantasia...

Sou eu, mas nem mesmo sei quem sou,
porque cada vereda percorrida
é um ponto de partida
da incógnita para onde vou...

Em cada raio de sol,
em cada réstia de luz,
em cada brilho da lua,
eu sou o grito
perdido no infinito
nas veredas dentro de mim.