terça-feira, 4 de dezembro de 2012

IRACEMA

Um aluno que leu a postagem da adaptação de Iracema me pediu para que eu postasse os outros capítulos desse árduo trabalho. Não pude negar esse pedido. Eis, amigo aluno, mais um capítulo da adaptação. Espero que goste.

Além da serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos negros e longos , assim como um doce sorriso.
A morena virgem corria o sertão e as matas  onde habitava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara.
Um dia, ao Sol ardente, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-se à sombra da oiticica, enquanto escondidos na folhagem os pássaros cantavam. Ela saiu do banho e a graciosa ará, sua companheira e amiga, brincava junto dela. Às vezes subia os ramos da árvore e de lá chamava a virgem pelo nome; remexia o uru feito de palha  , onde a selvagem trazia os seus perfumes.
Rumor suspeito quebrou a doce harmonia da sesta. A  virgem ergueu os olhos, que o sol não deslumbrava; sua vista perturbou-se.
Diante dela e todo a contemplá-la estava um guerreiro estranho ou algum mau espírito da floresta. Tinha nas faces o branco das areias que bordavam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulharam na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão tentou pegar  a espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
Ele pôs nos olhos e no rosto um doce sentimento , já a virgem lançou de si o arco , e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava no rosto do rapaz. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
— Quebre comigo a flecha da paz? Disse ele. A jovem índia se admirou da atitude do guerreiro e logo quis saber de onde vinha e como aprendera a linguagem do seu povo. — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
Iracema deu-lhe boas-vindas e convidou-o para ir ate a cabana de seu pai, Araquém , o pajé da tribo.

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